sexta-feira, 26 de julho de 2013

Das manifestações visuais - Noções sobre as aparições








100. De todas as manifestações espíritas, as mais interessantes, sem contestação possível, são aquelas por meio das quais os Espíritos se tornam visíveis. Pela explicação deste fenômeno se verá que ele não é mais sobrenatural do que os outros. Vamos apresentar primeiramente as respostas que os Espíritos deram acerca do assunto:
1ª Podem os Espíritos tornar-se visíveis? “Podem, sobretudo, durante o sono. Entretanto algumas pessoas os veem quando acordadas, porém, isso é mais raro.”

Nota. Enquanto o corpo repousa, o Espírito se desprende dos laços materiais; fica mais livre e pode mais facilmente ver os outros Espíritos, entrando com eles em comunicação. O sonho não é senão a recordação desse estado. Quando de nada nos lembramos, diz-se que não sonhamos, mas, nem por isso a alma deixou de ver e de gozar da sua liberdade. Aqui nos ocupamos especialmente com as aparições no estado de vigília1.

2ª Pertencem mais a uma categoria do que a outra os Espíritos que se manifestam fazendo-se visíveis?
“Não; podem pertencer a todas as classes, assim às mais elevadas, como as mais inferiores.”

3ª A todos os Espíritos é dado manifestarem-se visivelmente? “Todos o podem; mas, nem sempre têm permissão para fazê-lo, ou o querem.”
 
4ª Que fim objetivam os Espíritos que se manifestam visivelmente?

“Isso depende; de acordo com as suas naturezas, o fim pode ser bom, ou mau.”
5ª Como lhes pode ser permitido manifestar-se, quando para mau fim?

“Nesse caso é para experimentar os a quem eles aparecem. Pode ser má a intenção do Espírito e bom o resultado.”
6ª Qual pode ser o fim que tem em vista o Espírito que se torna visível com má intenção?
“Amedrontar e muitas vezes vingar-se.”

a) Que visam os que vêm com boa intenção?
“Consolar as pessoas que deles guardam saudades, provar-lhes que existem e estão perto delas; dar conselhos e, algumas vezes, pedir para si mesmos assistência.”

1 Ver, para maiores particularidades sobre o estado do Espírito durante o sono, O Livro dos Espíritos, cap. “Da emancipação da alma”, nº 409.

7ª Que inconveniente haveria em ser permanente e geral entre os homens a possibilidade de verem os Espíritos? Não seria esse um meio de tirar a dúvida aos mais incrédulos? “Estando o homem constantemente cercado de Espíritos, o vê-los a todos os instantes o perturbaria, embaraçar-lhe-ia os atos e tirar-lhe-ia a iniciativa na maioria dos casos, ao passo que, julgando-se só, ele age mais livremente.
Quanto aos incrédulos, de muitos meios dispõem para se convencerem, se desses meios quiserem aproveitar-se e não estiverem cegos pelo orgulho. Sabes muito bem existirem pessoas que hão visto e que nem por isso crêem, pois dizem que são ilusões. Com esses não te preocupes; deles se encarrega Deus.”

Nota. Tantos inconvenientes haveria em vermos constantemente os Espíritos, como em vermos o ar que nos cerca e as miríades de animais microscópicos que sobre nós e em torno de nós pululam. Donde devemos concluir que o que Deus faz é bem-feito e que Ele sabe melhor do que nós o que nos convém.


8ª Uma vez que há inconveniente em vermos os Espíritos, por que, em certos casos, é isso permitido? “Para dar ao homem uma prova de que nem tudo morre com o corpo, que a alma conserva a sua individualidade após a morte. A visão passageira basta para essa prova e para atestar a presença de amigos ao vosso lado e não oferece os inconvenientes da visão constante.”

9ª Nos mundos mais adiantados que o nosso, os Espíritos são vistos com mais freqüência do que entre nós? “Quanto mais o homem se aproxima da natureza espiritual, tanto mais facilmente se põe em comunicação com os Espíritos. A grosseria do vosso envoltório é que dificulta e torna rara a percepção dos seres etéreos.”
10ª Será racional assustarmo-nos com a aparição de um Espírito?
“Quem refletir deverá compreender que um Espírito, qualquer que seja, é menos perigoso do que um vivo. Demais, podendo os Espíritos, como podem, ir a toda parte, não se faz preciso que uma pessoa os veja para saber que alguns estão a seu lado. O Espírito que queira causar dano pode fazê-lo, e até com mais segurança, sem se dar a ver.
Ele não é perigoso pelo fato de ser Espírito, mas, sim, pela influência que pode exercer sobre o homem, desviando-o do bem e impelindo-o ao mal.”

Nota. As pessoas que, quando se acham na solidão ou na obscuridade, se enchem de medo raramente se apercebem da causa de seus pavores. Não seriam capazes de dizer de que é que têm medo. Muito mais deveriam temer o encontro com homens do que com Espíritos, porquanto um malfeitor é bem mais perigoso quando vivo, do que depois de morto. Uma senhora do nosso conhecimento teve uma noite, em seu quarto, uma aparição tão bem caracterizada, que ela julgou estar em sua presença uma pessoa e a sua primeira sensação foi de terror. Certificada de que não havia pessoa alguma, disse: “Parece que é apenas um Espírito; posso dormir tranqüila.”


Do livro: “O Livro Dos Médiuns” Allan Kardec - Feb

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.