Unicamente para não deixar de mencioná-la, falaremos aqui desta
espécie de médiuns, porquanto o assunto exigiria desenvolvimento excessivo para
os limites em que precisamos ater-nos. Sabemos, ao demais, que um de nossos amigos,
médico, se propõe a tratá-lo em obra especial sobre a medicina intuitiva.
Diremos apenas que este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no dom
que possuem certas pessoas de curar pelo simples
toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação.
Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é do que magnetismo. Evidentemente, o
fluido magnético desempenha aí importante papel; porém, quem examina
cuidadosamente o fenômeno sem dificuldade reconhece que há mais alguma coisa. A
magnetização ordinária é um verdadeiro tratamento seguido, regular e metódico;
no caso que apreciamos, as coisas se passam de modo inteiramente diverso. Todos
os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se
convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e
alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo. A intervenção
de uma potência oculta, que é o que constitui a mediunidade, se faz manifesta, em
certas circunstâncias, sobretudo se considerarmos que a maioria das pessoas que
podem, com razão, ser qualificadas de médiuns curadores recorre à prece, que é uma
verdadeira evocação. (Veja-se atrás o no 131.)
176. Eis aqui as respostas que nos deram os Espíritos às perguntas
que lhes dirigimos sobre este assunto:
1ª Podem considerar-se as pessoas dotadas de
força magnética como formando uma variedade de
médiuns? “Não há que duvidar.”
2ª Entretanto, o médium é um intermediário entre
os Espíritos e o homem; ora, o magnetizador,
haurindo em si mesmo a força de que se utiliza, não parece que seja
intermediário de nenhuma potência estranha.
“É um erro; a força magnética reside, sem
dúvida, no homem, mas é aumentada pela ação dos Espíritos que ele chama em seu
auxílio. Se magnetizas com o propósito de curar, por exemplo, e invocas um bom
Espírito que se interessa por ti e pelo teu doente, ele aumenta a tua força e a
tua vontade, dirige o teu fluido e lhe dá as qualidades necessárias.”
3ª Há, entretanto, bons magnetizadores que não creem
nos Espíritos?
“Pensas então que os Espíritos só atuam nos que creem
neles? Os que magnetizam para o bem são auxiliados por bons Espíritos. Todo homem que nutre o desejo do
bem os chama, sem dar por isso, do mesmo modo que, pelo desejo do mal e pelas
más intenções, chama os maus.”
4ª Agiria com maior eficácia aquele que, tendo a
força magnética, acreditasse na intervenção dos Espíritos? “Faria coisas que
consideraríeis milagre.”
5ª Há pessoas que verdadeiramente possuem o dom
de curar pelo simples contacto, sem o emprego dos passes magnéticos? “Certamente; não tens disso múltiplos exemplos?”
6ª Nesse caso, há também ação magnética, ou
apenas influência dos Espíritos?
“Uma e outra coisa. Essas pessoas são
verdadeiros médiuns, pois que atuam sob a influência dos Espíritos; isso, porém,
não quer dizer que sejam quais médiuns curadores, conforme o entendes.”
7ª Pode transmitir-se esse poder?
“O poder, não; mas o conhecimento de que
necessita, para exercê-lo, quem o possua. Não falta quem não suspeite sequer de
que tem esse poder, se não acreditar que lhe foi transmitido.”
8ª Podem obter-se curas unicamente por meio da prece? “Sim, desde que Deus o permita; pode
dar-se, no entanto, que o bem do doente esteja em sofrer por mais tempo e então
julgais que a vossa prece não foi ouvida.”
9ª Haverá para isso algumas fórmulas de prece
mais eficazes do que outras? “Somente a superstição
pode emprestar virtudes quaisquer a certas palavras e somente Espíritos
ignorantes, ou mentirosos podem alimentar semelhantes idéias, prescrevendo
fórmulas. Pode, entretanto, acontecer que, em se tratando de pessoas pouco
esclarecidas e incapazes de compreender as coisas puramente espirituais, o uso
de determinada fórmula contribua para lhes infundir confiança.
Neste caso, porém, não é na fórmula que está a
eficácia, mas na fé, que aumenta por efeito da idéia ligada ao uso da fórmula.”
Allan
Kardec – “O Livvro Dos Médiuns” Feb.
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