Esse segundo invólucro da alma, ou perispírito, existe, pois, durante a vida corpórea; é o intermediário de
todas as sensações que o Espírito percebe e pelo qual transmite sua vontade ao
exterior e atua sobre os órgãos do corpo. Para nos servirmos de uma comparação
material, diremos que é o fio elétrico condutor, que serve para a recepção e a transmissão do pensamento; é, em suma, esse agente
misterioso, imperceptível, conhecido pelo nome de fluido nervoso, que desempenha
tão grande papel na economia orgânica e que ainda não se leva muito em conta nos
fenômenos fisiológicos e patológicos.
Tomando em consideração apenas o elemento matéria
ponderável, a Medicina, na apreciação dos fatos, se priva de uma causa
incessante de ação. Não cabe, aqui, porém, o exame desta questão. Somente faremos
notar que no conhecimento do perispírito está a chave de inúmeros problemas até
hoje insolúveis.
O perispírito não constitui uma dessas hipóteses
de que a ciência costuma valer-se, para a
explicação de um fato. Sua existência não foi apenas revelada pelos Espíritos, resulta
de observações, como teremos ocasião de demonstrar.
Por ora e por nos não anteciparmos, no tocante aos
fatos que havemos de relatar, limitar-nos-emos a dizer que, quer durante a sua
união com o corpo, quer depois de separar-se deste, a alma nunca está desligada
do seu perispírito.
ALLAN KARDEC - O
Livro dos Médiuns
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