quarta-feira, 16 de abril de 2014

JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES




1. Bem-aventurados os que choram, pois que
serão consolados. – Bem-aventurados os famintos
e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados.
– Bem-aventurados os que sofrem perseguição
pela justiça, pois que é deles o reino dos
céus. (S. MATEUS, 5:4, 6 e 10.)
2. Bem-aventurados vós, que sois pobres, porque
vosso é o reino dos céus. – Bem-aventurados
vós, que agora tendes fome, porque sereis
saciados. – Ditosos sois, vós que agora chorais,
porque rireis. (S. LUCAS, 6:20 e 21.)
Mas, ai de vós, ricos! que tendes no mundo a
vossa consolação. – Ai de vós que estais saciados,
porque tereis fome. – Ai de vós que agora
rides, porque sereis constrangidos a gemer e a
chorar. (S. LUCAS, 6:24 e 25.)


3. Somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. Sem a certeza do futuro, estas máximas seriam um contra-senso; mais ainda: seriam um engodo. Mesmo com essa certeza, dificilmente se compreende a conveniência de sofrer para ser feliz. É, dizem, para se ter maior mérito. Mas, então, pergunta-se: por que sofrem uns mais do que outros? Por que nascem uns na miséria e outros na opulência, sem coisa alguma haverem feito que justifique essas posições?
Por que uns nada conseguem, ao passo que a outros tudo parece sorrir? Todavia, o que ainda menos se compreende é que os bens e os males sejam tão desigualmente repartidos entre o vício e a virtude; e que os homens virtuosos sofram, ao lado dos maus que prosperam. A fé no futuro pode consolar e infundir paciência, mas não explica essas anomalias, que parecem desmentir a justiça de Deus. Entretanto, desde que admita a existência de Deus, ninguém o pode conceber sem o infinito das perfeições. Ele necessariamente tem todo o poder, toda a justiça, toda a bondade, sem o que não seria Deus. Se é soberanamente bom e justo, não pode agir caprichosamente, nem com parcialidade. Logo, as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa. Isso o de que cada um deve bem compenetrar-se. Por meio dos ensinos de Jesus, Deus pôs os homens na direção dessa causa, e hoje, julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, lhes revela completamente a aludida causa, por meio do Espiritismo, isto é, pela palavra dos Espíritos.

Allan Kardec – O Evangelho Segundo O Espiritismo – Feb.

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