“São as do
Espírito nele encarnado. Quanto mais puro é esse Espírito, tanto mais propenso
ao bem é o homem.”
a) — Seguir-se-á
daí que o homem de bem é a encarnação de um bom
Espírito e o homem vicioso a de um Espírito mau? de um Espírito
imperfeito, pois, do contrário, poderias fazer crer na existência de
Espíritos sempre maus, a que chamais demônios.”
362. Qual o caráter
dos indivíduos em que encarnam Espíritos desassisados e levianos? “São indivíduos
estúrdios, maliciosos e, não raro, criaturas malfazejas.”
363. Têm os Espíritos
paixões de que não partilhe a Humanidade?
“Não, que, de
outro modo, vo-las teriam comunicado.”
364. O mesmo Espírito
dá ao homem as qualidades morais e as da inteligência?
“Certamente e
isso em virtude do grau de adiantamento a que se haja elevado. O homem não tem
em si dois Espíritos.”
365. Por que é que alguns
homens muito inteligentes, o que indica acharem-se encarnados neles Espíritos
superiores, são ao mesmo tempo profundamente viciosos?
“É que não são
ainda bastante puros os Espíritos encarnados nesses homens, que, então, e por
isso, cedem à influência de
outros Espíritos mais imperfeitos. O Espírito progride em
insensível marcha ascendente, mas o progresso não se efetua simultaneamente em
todos os sentidos. Durante um
período da sua existência, ele se adianta em ciência; durante outro, em
moralidade.”
366. Que se deve
pensar da opinião dos que pretendem que as diferentes faculdades intelectuais e
morais do homem resultam da encarnação, nele, de outros tantos Espíritos, diferentes
entre si, cada um com uma aptidão especial?
“Refletindo,
reconhecereis que é absurda. O Espírito tem que ter todas as aptidões. Para
progredir, precisa de uma vontade única. Se o homem fosse um amálgama de Espíritos, essa
vontade não existiria e ele careceria de individualidade, pois que, por
sua morte, todos aqueles Espíritos formariam um bando de pássaros escapados da
gaiola. Queixa-se, amiúde, o homem de não compreender certas coisas e, no
entanto, curioso é ver-se como multiplica as dificuldades, quando tem ao seu
alcance explicações muito simples e naturais. Ainda neste caso tomam o efeito
pela causa. Fazem, com relação à criatura humana, o que, com relação a Deus,
faziam os pagãos, que acreditavam em tantos deuses quantos eram os fenômenos no
Universo, se bem que as pessoas sensatas, com eles coexistentes, apenas viam em
tais fenômenos efeitos provindos de uma causa única – Deus.”
O mundo físico e
o mundo moral nos oferecem, a este respeito, vários pontos de semelhança.
Enquanto se detiveram na aparência dos fenômenos, os cientistas acreditaram
fosse múltipla a matéria. Hoje, compreende-se ser bem possível que tão variados
fenômenos consistam apenas em modificações da matéria elementar única. As
diversas faculdades são manifestações de uma mesma causa, que é a alma, ou do
Espírito encarnado, e não de muitas almas, exatamente como os diferentes sons
do órgão, os quais procedem todos do ar e não de tantas espécies de ar, quantos
os sons. De semelhante sistema decorreria que, quando um homem perde ou adquire
certas aptidões, certos pendores, isso significaria que outros tantos Espíritos
teriam vindo habitá-lo ou o teriam deixado, o que o tornaria um ser múltiplo,
sem individualidade e, conseguintemente, sem responsabilidade. Acresce que o
contradizem numerosíssimos exemplos de manifestações de Espíritos, em que estes
provam suas personalidades e identidade.
“O
Livro Dos Médiuns” – Allan Kardec – Feb.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.