sexta-feira, 14 de março de 2014

INTUIÇÃO DAS PENAS FUTURAS



1. Desde todas as épocas o homem acreditou, por intuição, que a vida futura seria feliz ou infeliz, conforme o bem ou o mal praticado neste mundo. A idéia que ele faz, porém, dessa vida está em relação com o seu desenvolvimento, senso moral e noções mais ou menos justas do bem e do mal.
As penas e recompensas são o reflexo dos instintos predominantes. Os povos guerreiros fazem consistir a suprema felicidade nas honras conferidas à bravura; os caçadores, na abundância da caça; os sensuais, nas delícias da voluptuosidade. Dominado pela matéria, o homem não pode compreender senão imperfeitamente a espiritualidade, imaginando para as penas e gozos futuros um quadro mais material que espiritual; afigura-se-lhe que deve comer e beber no outro mundo, porém melhor que na Terra.1
Mais tarde já se encontra nas crenças sobre a vida futura um misto de espiritualismo e materialismo: a beatitude contemplativa concorrendo com o inferno das torturas físicas.

2. Não podendo compreender senão o que vê, o homem primitivo naturalmente moldou o seu futuro pelo presente; para compreender outros tipos, além dos que tinha à vista ser-lhe-ia preciso um desenvolvimento intelectual que só o tempo deveria completar. Também o quadro por ele ideado sobre as penas futuras não é senão o reflexo dos males da Humanidade, em mais vasta proporção, reunindo-lhe todas as torturas, suplícios e aflições que achou na Terra.
Nos climas abrasadores imaginou um inferno de fogo, e nas regiões boreais um inferno de gelo. Não estando ainda desenvolvido o sentido que mais tarde o levaria a compreender o mundo espiritual, não podia conceber senão penas materiais; e assim, com pequenas diferenças de forma, os infernos de todas as religiões se assemelham.

Do livro: “ O Céu E O Inferno” Allan Kardec – Feb.

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