1. Em geral, a palavra céu designa o espaço indefinido que circunda a Terra, e mais particularmente a parte
que está acima do nosso horizonte. Vem do latim coelum, formada do grego coilos, côncavo, porque o céu
parece uma imensa concavidade.
Os antigos acreditavam na existência de muitos
céus superpostos, de matéria sólida e transparente, formando esferas concêntricas
e tendo a Terra por centro. Girando essas esferas em torno da Terra, arrastavam
consigo os astros que se achavam em seu circuito.
Essa idéia, provinda da deficiência de conhecimentos
astronômicos, foi a de todas as teogonias, que fizeram dos céus, assim escalados,
os diversos degraus da bem-aventurança: o último deles era abrigo da suprema felicidade.
1. Em geral, a palavra céu designa o espaço indefinido que circunda
a Terra, e mais particularmente a parte que está acima do nosso horizonte. Vem
do latim coelum, formada do grego coilos, côncavo, porque o céu
parece uma imensa concavidade.
Os antigos acreditavam na existência de muitos
céus superpostos, de matéria sólida e transparente, formando esferas concêntricas
e tendo a Terra por centro. Girando essas esferas em torno da Terra, arrastavam
consigo os astros que se achavam em seu circuito. Essa idéia, provinda da
deficiência de conhecimentos astronômicos, foi a de todas as teogonias, que
fizeram dos céus, assim escalados, os diversos degraus da bem-aventurança: o
último deles era abrigo da suprema felicidade. Singular anomalia que coloca o Autor de todas as
coisas, Aquele que as governa a todas, nos confins da criação, em vez de no
centro, donde o seu pensamento poderia, irradiante, abranger tudo!
3. A Ciência, com a lógica inexorável da observação e dos fatos, levou o seu archote às profundezas do
Espaço e mostrou a nulidade de todas essas teorias.
1 Ptolomeu viveu em Alexandria, Egito, no segundo
século da era cristã.
2 Do grego, pur ou pyr, fogo.
A Terra não é mais o eixo do Universo, porém um
dos menores astros que rolam na imensidade; o próprio Sol mais não é do que o
centro de um turbilhão planetário; as estrelas são outros tantos e inumeráveis
sóis, em torno dos quais circulam mundos sem conta, separados por distâncias
apenas acessíveis ao pensamento, embora se nos afigure tocarem-se. Neste
conjunto grandioso, regido por leis eternas — reveladoras da sabedoria e onipotência do
Criador a Terra não é mais que um ponto imperceptível
e um dos planetas menos favorecidos quanto à habitabilidade.
E, assim sendo, é lícito perguntar por que Deus
faria da Terra a única sede da vida e nela degredaria as suas criaturas prediletas?
Mas, ao contrário, tudo anuncia a vida por toda parte e a Humanidade é infinita
como o Universo.
Revelando-nos a Ciência mundos semelhantes ao
nosso, Deus não podia tê-los criado sem intuito, antes deve tê-los povoado de
seres capazes de os governar.
4. As idéias do homem estão na razão do que ele sabe; como todas as
descobertas importantes, a da constituição dos mundos deveria imprimir-lhes
outro curso; sob a influência desses conhecimentos novos, as crenças se
modificaram; o Céu foi deslocado e a região estelar, sendo ilimitada, não mais
lhe pode servir. Onde está ele, pois? E ante esta questão emudecem todas as
religiões.
O Espiritismo vem resolvê-las demonstrando o
verdadeiro destino do homem. Tomando-se por base a natureza
deste último e os atributos divinos, chega-se a uma conclusão; isto quer dizer
que partindo do conhecido atinge-se o desconhecido por uma dedução lógica, sem
falar das observações diretas que o Espiritismo faculta.
5. O homem compõe-se de corpo e Espírito: o Espírito é o ser
principal, racional, inteligente; o corpo é o invólucro material que reveste o
Espírito temporariamente, para preenchimento da sua missão na Terra e execução
do trabalho necessário ao seu adiantamento. O corpo, usado, destrói-se e o
Espírito sobrevive à sua destruição. Privado do Espírito, o corpo é apenas matéria
inerte, qual instrumento privado da mola real de função; sem o corpo, o
Espírito é tudo: a vida, a inteligência. Em deixando o corpo, torna ao mundo
espiritual, onde paira, para depois reencarnar.
Existem, portanto, dois mundos: o corporal, composto de Espíritos encarnados; e o espiritual, formado dos Espíritos desencarnados. Os seres do mundo
corporal, devido mesmo à materialidade do seu envoltório, estão ligados à Terra ou a qualquer globo; o mundo espiritual
ostenta-se por toda parte, em redor de nós como no Espaço, sem limite algum
designado. Em razão mesmo da natureza fluídica do seu envoltório, os seres que
o compõem, em lugar de se locomoverem penosamente sobre o solo, transpõem as
distâncias com a rapidez do pensamento. A morte do corpo não é mais que a
ruptura dos laços que os retinham cativos.
6. Os Espíritos são criados simples e ignorantes, mas dotados de
aptidões para tudo conhecerem e para progredirem, em virtude do seu livre-arbítrio.
Pelo progresso adquirem novos conhecimentos, novas faculdades, novas percepções
e, conseguintemente, novos gozos desconhecidos dos Espíritos inferiores; eles
vêem, ouvem, sentem e compreendem o que os Espíritos atrasados não podem ver,
sentir, ouvir ou compreender.
A felicidade está na razão direta do progresso
realizado, de sorte que, de dois Espíritos, um pode não ser tão feliz quanto outro, unicamente por não possuir o mesmo
adiantamento intelectual e moral, sem que por isso precisem estar, cada qual,
em lugar distinto. Ainda que juntos, pode um
estar em trevas, enquanto que tudo resplandece para o
outro, tal como um cego e um vidente que se dão as
mãos: este percebe a luz da qual aquele não recebe a mínima
impressão. Sendo a felicidade dos
Espíritos inerente às suas qualidades, haurem-na eles em toda parte em que se
encontram, seja à superfície da Terra, no meio dos encarnados, ou no Espaço.
Uma comparação vulgar fará compreender melhor
esta situação. Se se encontrarem em um concerto dois homens, um bom músico, de ouvido educado, e outro,
desconhecedor da música, de sentido auditivo pouco delicado, o primeiro experimentará
sensação de felicidade, enquanto o segundo permanecerá insensível, porque um
compreende e percebe o que nenhuma impressão produz no outro. Assim sucede quanto
a todos os gozos dos Espíritos, que estão na razão da sua sensibilidade.
O mundo espiritual tem esplendores por toda
parte, harmonias e sensações que os Espíritos inferiores, submetidos à
influência da matéria, não entrevêem sequer, e que somente são acessíveis aos
Espíritos purificados.
Do Livro: “O Céu E O Inferno”
Allan Kardec – Feb.
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