8. “Eles inculcam o erro sob todas as formas, e é
para obter esse resultado que a madeira, a pedra, as florestas, as fontes, os
santuários dos ídolos, os pés das mesas e as mãos dos meninos se tornam
oráculos.”
Mas, se assim é, qual o sentido e valor destas palavras do
Evangelho: — “Eu repartirei meu Espírito por toda a carne: — vossos filhos e
filhas profetizarão; os jovens terão visões e os velhos terão sonhos. Nesses
dias repartirei meu Espírito por todos os meus servidores e servidoras, e eles profetizarão.”
(Atos dos Apóstolos, 2:17 e 18.)
Não estará nessas palavras a predição tácita da mediunidade dos
nossos dias a todos concedida, mesmo às crianças? E essa faculdade foi anatematizada pelos apóstolos? Não;
eles a apregoam como graça divina e não como obra do demônio.
Terão os teólogos de hoje mais autoridade que os apóstolos? Por
que não ver antes o dedo de Deus na realização daquelas palavras?
9. “Por meio das operações da moderna magia vemos
reproduzirem- se no presente as evocações, as consultas, as curas e os
sortilégios que ilustraram os templos dos ídolos e os antros das sibilas.” Nós perguntamos: que há de comum entre as operações da magia e as evocações espíritas? Houve tempo em que tais operações
faziam fé e acreditava- se na sua eficácia, mas hoje são simplesmente
ridículas.
Ninguém as toma a sério, e o Espiritismo condena-as. Na época em que florescera a magia, era imperfeita a noção sobre
a natureza dos Espíritos, geralmente havidos por seres dotados de poder
sobre-humano.
A troco da própria alma, ninguém os evocava que não fosse para
obter favores da sorte e da fortuna, achar tesouros, revelar o futuro ou obter
filtros. A magia com seus sinais, fórmulas e práticas cabalísticas era
increpada de fornecer segredos para operar prodígios, constranger Espíritos a
ficarem às ordens dos homens e satisfazerem-lhes os desejos. Hoje sabemos que
os Espíritos são as almas dos mortos e não os evocamos senão para receber
conselhos dos bons, moralizar os maus e continuar relações com seres que nos
são caros. Eis o que diz o Espiritismo a tal respeito:
10. Não podereis obrigar nunca a presença de um
Espírito vosso igual ou superior em moralidade, por vos faltar au toridade sobre ele; mas, do vosso inferior, e sendo para seu benefício, conseguí-lo-eis, visto como outros Espíritos vos secundam. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXV.)
— A mais essencial de todas as disposições para evocar é o
recolhimento, quando desejarmos tratar com Espíritos sérios. Com a fé e o desejo do bem, mais aptos nos tornamos para evocar Espíritos superiores.
Elevando nossa alma por alguns instantes de concentração no momento de
evocá-los, identificamo-nos com os bons Espíritos, predispondo a sua vinda. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXV.)
— Nenhum objeto, medalha ou talismã tem a propriedade de atrair
ou repelir Espíritos, pois a matéria ação alguma exerce sobre eles. Nunca um
bom Espírito aconselha tais absurdos. A virtude dos talismãs só pode existir na
imaginação de pessoas simplórias. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXV.)
— Não há fórmulas sacramentais para evocar Espíritos. Quem quer
que pretendesse estabelecer uma fórmula, poderia ser tachado de usar de
charlatanismo, visto que para os Espíritos puros a fórmula nada vale. A
evocação deve, porém, ser feita sempre em nome de Deus. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte,
cap. XVII.)
— Os Espíritos que prefixam entrevistas em lugares lúgubres, e a
horas indevidas, são os que se divertem custa
de quem os ouve. É sempre inútil e muitas vezes perigoso ceder a tais sugestões;
inútil, porque nada se ganha além de uma mistificação, e perigoso, não pelo mal
que possam fazer os Espíritos, mas pela influência que tais fatos podem exercer sobre cérebros fracos. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte,
cap. XXV.)
— Não há dias nem horas mais especialmente propícios às
evocações: isso, como tudo que é material, é completamente indiferente aos
Espíritos, além de ser supersticiosa a crença em tais influências. Os momentos mais favoráveis são
aqueles em que o evocador pode abstrair-se melhor das suas preocupações
habituais, calmo de corpo e de espírito. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXV.)
— A crítica malévola apraz-se em representar as comunicações espíritas
revestidas das práticas ridículas e supersticiosas da magia e da nigromancia.
Entretanto, se os que falam do Espiritismo, sem conhecê-lo, procurassem estudá-lo,
poupariam trabalhos de imaginação e alegações que só servem para demonstrar a sua
ignorância e má vontade.
Para conhecimento das pessoas estranhas à ciência, diremos que
não há horas mais propícias, umas que outras, como não há dias nem lugares,
para comunicar com os Espíritos. Diremos mais: que não há fórmulas nem palavras
sacramentais ou cabalísticas para evocá-los; que não há necessidade alguma de preparo
ou iniciação; que é nulo o emprego de quaisquer sinais ou objetos materiais
para atraí-los ou repeli-los, bastando para tanto o pensamento; e, finalmente,
que os médiuns recebem deles as comunicações sem sair do estado normal, tão
simples e naturalmente vivente. Só o charlatanismo poderia emprestar às comunicações
formas excêntricas, enxertando-lhes ridículos acessórios. (O que é o Espiritismo, cap. II, nº 49.)
Fonte: “O Céu E O
Inferno” Ou A Justiça Divina Segundo O Espiritismo - Allan Kardec -
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