Por essa meditação dos nossos ensinos é que
reconhecemos os espíritas verdadeiramente sérios. Não podemos dar esse nome aos
que, na realidade, não passam de amadores de comunicações.”
6ª Será preciso então, que, nesse caso, o médium
prossiga nas suas tentativas para escrever? “Se o
Espírito lhe aconselhar isto, deve; se lhe disser que se abstenha, não deve.”
7ª Haveria meio de abreviar essa prova?
“A resignação e a prece. Demais, basta que faça
cada dia uma tentativa de alguns minutos, visto que inútil lhe será perder o
tempo em ensaios infrutíferos. A tentativa só deve ter por fim verificar se já
recobrou, ou não, a faculdade.”
8ª A suspensão da faculdade não implica o
afastamento dos Espíritos que habitualmente se comunicam?
“De modo algum. O médium se encontra então na
situação de uma pessoa que perdesse temporariamente a vista, a qual, por isso,
não deixaria de estar rodeada de seus amigos, embora impossibilitada de os ver.
Pode, portanto, o médium e até mesmo deve continuar a comunicar-se pelo pensamento com seus Espíritos familiares e persuadir-se de que é ouvido. Se é certo que a falta da mediunidade pode privá-lo das comunicações ostensivas com certos Espíritos, também certo é que não o pode privar das comunicações morais.”
Pode, portanto, o médium e até mesmo deve continuar a comunicar-se pelo pensamento com seus Espíritos familiares e persuadir-se de que é ouvido. Se é certo que a falta da mediunidade pode privá-lo das comunicações ostensivas com certos Espíritos, também certo é que não o pode privar das comunicações morais.”
9ª Assim, a interrupção da faculdade mediúnica
nem sempre traduz uma censura da parte do Espírito?
“Não, sem dúvida, pois que pode ser uma prova de
benevolência.”
10ª Por que sinal se pode reconhecer a censura
nesta interrupção?
“Interrogue o médium a sua consciência e inquira
de si mesmo qual o uso que tem feito da sua faculdade, qual o bem que dela tem
resultado para os outros, que
proveito há tirado dos conselhos que se lhe têm dado e terá a resposta.”
11ª O médium que ficou impossibilitado de
escrever poderá recorrer a outro médium?
“Depende da causa da interrupção, que tem por
fim, amiúde, deixar-vos algum tempo sem comunicações, depois de vos terem dado
conselhos, a fim de que vos não habitueis a nada fazer senão com o nosso
concurso. Se este for o caso, ele nada obterá recorrendo a outro médium, o que
também ocorre com o fim de vos provar que os Espíritos são livres e que não
está em vossas mãos obrigá-los a fazer o que queirais. Ainda por esta razão é
que os que não são médiuns nem sempre recebem todas as comunicações que desejam.”
Nota. Deve-se efetivamente observar que aquele que recorre a terceiro
para obter comunicações, não obstante a qualidade do médium, muitas vezes nada
de satisfatório consegue, ao passo que doutras vezes as respostas são muito
explícitas. Isso tanto depende da vontade do Espírito, que ninguém coisa alguma
adianta mudando de médium. Os próprios Espíritos como que dão, a esse respeito,
uns aos outros a palavra de ordem, porquanto o que não se obtiver de um, de
nenhum mais se obterá. Cumpre então que nos abstenhamos de insistir e de
impacientar-nos, se não quisermos ser vítimas de Espíritos enganadores, que
responderão, dado procuremos à viva força uma resposta, deixando os bons que
eles o façam, para nos punirem a insistência.
12ª Com que fim a Providência outorgou de
maneira especial, a certos indivíduos, o dom da mediunidade?
“É uma missão de que se incumbiram e cujo
desempenho os faz ditosos. São os intérpretes dos Espíritos com os homens.”
13ª Entretanto, médiuns há que manifestam
repugnância ao uso de suas faculdades. “São médiuns
imperfeitos; desconhecem o valor da graça que lhes é concedida.”
14ª Se é uma missão, como se explica que não
constitua privilégio dos homens de bem e que semelhante faculdade seja
concedida a pessoas que nenhuma estima merecem
e que dela podem abusar?
“A faculdade lhes é concedida, porque precisam
dela para
se melhorarem, para ficarem em condições de receber
bons ensinamentos. Se não aproveitam da concessão, sofrerão as conseqüências.
Jesus não pregava de preferência aos pecadores, dizendo ser preciso dar àquele
que não tem?”
15ª As pessoas que desejam muito escrever como
médiuns, e que não o conseguem, poderão concluir daí alguma coisa contra si
mesmas, no tocante à benevolência dos Espíritos para com elas?
“Não, pois pode dar-se que Deus lhe haja negado
essa faculdade, como negado tenha o dom da poesia, ou da música. Porém, se não
forem objeto desse favor, podem ter sido de outros.”
16ª Como pode um homem aperfeiçoar-se mediante o
ensino dos Espíritos, quando não tem, nem por si mesmo, nem com o auxílio de
outros médiuns, os meios de receber de modo direto esse ensinamento?
“Não tem ele os livros, como tem o cristão o
Evangelho?
Para praticar a moral de Jesus, não é preciso
que o cristão tenha ouvido as palavras ao lhe saírem da boca.”
Allan Kardec – “O Livro Dos Médiuns” Feb
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