O de que precisa o Espírito para ser salvo.
Parábola do bom samaritano – II
3. Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto
é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os seus
ensinos, ele aponta essas duas virtudes como sendo as que conduzem à eterna
felicidade: Bem-aventurados, disse, os pobres de espírito, isto é, os humildes,
porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados os que têm puro o coração;
bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; bem-aventurados os que são
misericordiosos; amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos outros o que
quereríeis vos fizessem; amai os vossos inimigos; perdoai as ofensas, se
quiserdes ser perdoados; praticai o bem sem ostentação; julgai-vos a vós
mesmos, antes de julgardes os outros. Humildade e caridade, eis o que não cessa
de recomendar e o de que dá, ele próprio, o exemplo. Orgulho e egoísmo, eis o
que não se cansa de combater. E não se limita a recomendar a caridade; põe-na claramente
e em termos explícitos como condição absoluta da felicidade futura.
No quadro que traçou do juízo final, deve-se,
como em muitas outras coisas, separar o que é apenas figura, alegoria.
A homens como os a quem falava, ainda incapazes
de compreender as questões puramente espirituais, tinha ele de apresentar
imagens materiais chocantes e próprias a impressionar. Para melhor apreenderem
o que dizia, tinha mesmo de não se afastar muito das idéias correntes, quanto à
forma, reservando sempre ao porvir a verdadeira interpretação de suas palavras
e dos pontos sobre os quais não podia explicar-se claramente. Mas, ao lado da
parte acessória ou figurada do quadro, há uma idéia dominante: a da felicidade
reservada ao justo e da infelicidade que espera o mau.
Naquele julgamento supremo, quais os
considerandos da sentença? Sobre que se baseia o libelo? Pergunta, porventura, o
juiz se o inquirido preencheu tal ou qual formalidade, se observou mais ou
menos tal ou qual prática exterior?
Não; inquire tão-somente de uma coisa: se a
caridade foi praticada, e se pronuncia assim: Passai à direita, vós que
assististes os vossos irmãos; passai à esquerda, vós que fostes duros para com
eles. Informa-se, por acaso, da ortodoxia da fé? Faz qualquer distinção entre o
que crê de um modo e o que crê de outro? Não, pois Jesus coloca o samaritano,
considerado herético, mas que pratica o amor do próximo, acima do ortodoxo que
falta com a caridade.
Não considera, portanto, a caridade apenas como
uma das condições para a salvação, mas como a condição única. Se outras
houvesse a serem preenchidas, ele as teria declinado.
Desde que coloca a caridade em primeiro lugar, é
que ela implicitamente abrange todas as outras: a humildade, a brandura, a
benevolência, a indulgência, a justiça, etc., e porque é a negação absoluta do
orgulho e do egoísmo.
Allan
Kardec – “O Evangelho Segundo O Espiritismo” Feb.
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