—
O futuro é vedado ao homem por princípio, e só em casos raríssimos e excepcionais
é que Deus faculta a sua revelação. Se o homem conhecesse o futuro, por certo
que negligenciaria
o presente e não agiria com a mesma liberdade.
Absorvidos
pela idéia da fatalidade de um acontecimento, ou procuramos conjurá-lo ou não
nos preocupamos dele. Deus não permitiu que assim fosse, a fim de que cada qual
concorresse para a realização dos acontecimentos mesmos, que porventura
desejaria evitar. Ele permite, no entanto, a revelação do futuro, quando o
conhecimento prévio de uma coisa não estorva, mas facilita a sua realização, induzindo
a procedimento diverso do que se teria sem tal circunstância. (O
Livro dos Espíritos, Parte 3ª, cap. X.)
—
Os Espíritos não podem guiar descobertas nem investigações científicas. A Ciência
é obra do gênio e só deve ser adquirida pelo trabalho, pois é por este que o
homem progride. Que mérito teríamos nós se, para tudo saber, apenas bastasse
interrogar os Espíritos? Por esse preço, todo imbecil poderia tornar-se sábio.
O mesmo se dá relativamente aos inventos e descobertas da indústria. Chegado que
seja o tempo de uma descoberta, os Espíritos encarregados da sua marcha procuram
o homem capaz de levá-la a bom termo e inspiram-lhe as idéias necessárias, isto
de molde a não lhe tirar o respectivo mérito, que está na elaboração e execução
dessas idéias. Assim tem sido com todos os grandes trabalhos da inteligência
humana. Os Espíritos deixam cada indivíduo na sua esfera: do homem apenas apto
para lavrar a terra não fazem depositários dos segredos de Deus, mas sabem arrancar
da obscuridade aquele que se mostra capaz de secundar-lhes os desígnios. Não vos
deixeis, por conseguinte, dominar pela ambição e pela curiosidade, em terreno
alheio ao do Espiritismo, que tais fitos não tem, pois com eles só conseguireis
as mais ridículas mistificações. (O
Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXVI.)
—
Os Espíritos não podem concorrer para a descoberta de tesouros ocultos. Os
superiores não se ocupam de tais coisas e só os zombeteiros podem entreter-se
com elas, já indicando tesouros que o mais das vezes não existem, já apontando
sítios diametralmente opostos àqueles em que realmente existem. Esta circunstância
tem, contudo, uma utilidade, qual a de mostrar que a verdadeira fortuna reside no
trabalho. Quando a Providência tem destinado a alguém quaisquer riquezas ocultas,
esse alguém as encontrará naturalmente; do contrário não, nunca. (O
Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXVI.)
—
Esclarecendo-nos sobre as propriedades dos fluidos — agentes e meios de ação do
mundo invisível constituindo uma das forças e potências da Natureza — o
Espiritismo nos dá a chave de inúmeros fatos e coisas inexplicadas e inexplicáveis
de outro modo, fatos e coisas que passaram por prodígios, em outras eras. Do
mesmo modo que o magnetismo, ele nos revela uma lei, senão desconhecida, pelo menos
incompreendida, ou então, para melhor dizer, efeitos de todos os tempos conhecidos,
pois que de todos os tempos se produziram, mas cuja lei se ignorava e de cuja ignorância
brotava a superstição. Conhecida essa lei, desaparece o maravilhoso e os
fenômenos entram para a ordem das coisas naturais. Eis por que os Espíritos não
produzem milagres, fazendo girar as mesas ou escrever os mortos, como milagre
não faz o médico em restituir à vida o moribundo, e o físico provocando a queda do raio. Quem
pretendesse fazer milagres pelo
Espiritismo não passaria de ignorante, ou então de mero prestidigitador. (O
Livro dos Médiuns, 1ª Parte, cap. II.)
Pessoas
há que fazem das evocações uma idéia muito falsa: há mesmo quem acredite que os
mortos evocados se apresentam
com todo o aparelho lúgubre do túmulo. Tais suposições podem ser atribuídas ao
que vemos nos teatros ou lemos nos romances e contos fantásticos, onde os
mortos aparecem amortalhados com o chocalhar dos ossos.
O
Espiritismo, que nunca fez milagres, também não faz esse, pois que jamais fez
reviver um corpo morto. O Espírito, fluídico, inteligente, esse não baixa à
campa com o grosseiro invólucro, que lá fica definitivamente. Separa-se dele no
momento da morte, e nada mais têm de comum entre si. (O
que é o Espiritismo, cap. II, nº 48.)
11.
Ampliamos estas citações para mostrar que os princípios do
Espiritismo não têm relação alguma com os da magia. Assim, nem Espíritos às
ordens dos homens; nem meios de os constranger; nem sinais ou fórmulas cabalísticas;
nem descobertas de tesouros; nem processos para enriquecer, e tampouco milagres
ou prodígios, adivinhações e aparições fantásticas: nada, enfim, do que constitui
o fim e os elementos essenciais da magia. O Espiritismo não só reprova tais
coisas como demonstra a impossibilidade e ineficácia delas. Não há, afirmamo-lo
ainda uma vez, analogia alguma entre os processos e fins da magia e os do
Espiritismo; só a ignorância e a má-fé poderão confundi-los. Dessa forma, tal
erro não pode prevalecer, uma vez que os princípios espíritas não se furtam ao
exame, e aí estão formulados inequívoca e claramente para todos.
Quanto
às curas, reconhecidas como reais na pastoral precitada, o exemplo está mal
selecionado como meio de evitar relações com os Espíritos. Efetivamente, essas
curas são outros tantos benefícios que levam à gratidão e que todos podem
experimentar. Pouca gente estará disposta a renunciar a elas, mormente depois
de haver esgotado outros recursos antes de recorrer ao diabo. Depois, se o
diabo cura, força é confessar que faz uma boa e meritória ação.1
Fonte: “O Céu E O Inferno” Ou
A Justiça Divina Segundo O Espiritismo -
Allan Kardec - Feb.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.