domingo, 19 de março de 2017

POR QUE JESUS TERIA DE NASCER NA JUDÉIA?



PERGUNTA: — Jesus teria que nascer fatalmente na Judéia, para ter bom êxito na sua missão redentora? Porventura não existia, na mesma época, algum outro povo que, espiritual e psicologicamente, pudesse servir para o mesmo objetivo?

RAMATÍS: — Desde que a Administração Sideral reconhecesse, em qualquer outro povo, qualidades e até os defeitos peculiares do judeu, é óbvio que Jesus não precisaria se encarnar em Israel. Mas a Judéia e os hebreus, embora considerados na época "uma coleção desprezível de escravos" (1), por seus costumes, por sua fé religiosa e capacidade de adaptação a todos os misteres da vida, é que realmente ofereciam as condições psicofísicas eletivas para o melhor sucesso da missão salvacionista do Messias. Aliás, o Velho Testamento sempre c considerou o povo eleito para o advento do Messias; e o próprio Moisés, no monte Sinai, ao unificar a revelação espiritual para um só Deus — Jeová — lançou as bases preliminares do Cristianismo!
Isso aplainou o caminho para o Mestre Jesus consolidar sua obra, dispensando-o do espinhoso trabalho de fundir diversos deuses pagãos numa só unidade, como ele depois pregaria através do seu sublime Evangelho. E' óbvio, portanto, que só uma raça estóica, ardente e fanática em sua crença religiosa monoteísta seria capaz de corresponder ao convite espiritual de Jesus, sem qualquer resistência ou sarcasmo à encantadora mensagem da "Boa Nova" e do "Reino de Deus"! 
O judeu traz o seu sentimento à flor da pele e vive mais pela fé do que pelo raciocínio, embora seja instintivamente muito sagaz para negócios e especulações da vida humana. Mas, em questão de crença e de devoção, ele pouco indagava dos motivos que o mandavam proceder deste ou daquele modo com o seu Deus.
A sua fé inata não pedia explicações intelectivas; ele cria e obedecia cegamente naquilo que transcendesse o seu mundículo de atividades humanas. Por isso, Jesus encontrou o caminho aberto para a sua predica evangélica entre os judeus, sem precisar destruir o antropomorfismo de Jeová, sem alterar as legiões angélicas, sem desmentir os velhos patriarcas e profetas do Antigo Testamento. Ele viera iluminar, ou ampliar os próprios ensinamentos de Moisés e torná-los mais amenos quanto à sua responsabilidade moral. Substituía o conceito pessoal e punitivo de "olho por olho e dente por dente", pela condição cármica de "quem com ferro fere com ferro será ferido", na qual Deus não castiga, mas é a própria criatura que se pune dos seus pecados, aceitando, espontaneamente, os mesmos efeitos das causas perniciosas movimentadas no passado.
Jeová, sob o toque sublime dos ensinos de Jesus, tornava-se mais tolerante, terno e compassivo, diminuindo suas exigências demasiadamente humanas. Isso atendia às simpatias dos galileus, que eram considerados gentios ignorantes dos formalismos religiosos, e que aceitavam, sem protestos, a nova versão de Jeová, distanciando-se cada vez mais das seitas religiosas e dos bens do mundo. Mas os fariseus, embora sem qualquer temor dos ensinamentos daquele rabi da Galiléia, perceberam que se enfraquecia a virilidade doutrinária de Moisés. E a perigosa desumanização de Jeová poderia trazer sérios prejuízos aos cofres do Templo! Daí por diante, eles passaram a vigiar Jesus e recear os efeitos de suas ideias desagregadoras na comunidade dos galileus.


DO LIVRO: "O SUBLIME PEREGRINO" RAMATÍS/HERCÍLIO MAES - EDITORA DO CONHECIMENTO.

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